"Não foram poucas às vezes em que eu a
visitei e ela me disse que queria morrer, e eu costumava dizer que preferia que
ela vivesse e melhorasse e que voltasse para casa, mas que não ficaria
aborrecida se ela realmente tivesse de fazer isso - se ela tivesse de morrer,
se chegasse o dia ou à noite em que ela simplesmente não pudesse mais suportar.
Ela disse que sentia muito, mas que ficava feliz pelo fato de eu entender e que
sentia gratidão por isso."
Com uma
narração intrigante, não linear e uma prosa magnífica, India Morgan Phelps se
torna uma narradora não confiável. E o que coloca ainda em questão todas suas
memórias é um simples fato de ela possuir uma esquizofrenia desorganizada. A
pessoa que sofre desse transtorno tem dificuldade em distinguir as experiências
reais das imaginárias, de pensar de forma lógica, de ter respostas emocionais
consideradas normais e uma série de outros sintomas. Talvez seja esse se o
motivo que torne esse um livro tão peculiar, inteligente e cativante são duas
palavras que o define. O livro é um daqueles clássicos em que ou ama ou
abandona, mas não se assuste caso o livro pareça confuso ou qualquer coisa do
tipo vá com calma na leitura e tudo vai dar mais do que certo.
O livro é
narrado pela India M. Phelps ou apenas Imp, como ela logo nos relata no começo
de sua história. Em certa parte de sua vida Imp decide escrever todas as suas
memórias sejam elas reais ou não “vou
escrever uma história de fantasmas agora (...) uma história de fantasmas com
uma sereia e um lobo.” Os fantasmas da Imp são diferentes dos que na
maioria das vezes nós imaginamos, pois não são fantasmas do além ou criaturas
de filmes, mas fantasmas psicológicos que assombram seu passado e presente. Tanto a mãe, Rosemary Anne, e avó,
Caroline, tinham esquizofrenia e ambas se suicidaram, algo no qual faz com que
Imp se dirija em direção contrária delas e com ajuda de sua maquina de escrever
e sua namorada Abalyn. Imp deixa um aviso sobre sua narração onde não devemos
confiar totalmente no que ela escreve, pois os acontecimentos vão desde
momentos reais em que ela vivenciou a momentos fantasiosos de sua cabeça. Ao
completar seu decimo aniversário Imp é levada pela mãe em um museu, lá ela
primeira vez em sua vida vê o quadro A Menina Submersa pintado em 1898, pelo
artista Phillip George Saltonstall. Quadro e artista foram criados pela autora.
O quadro em
grandes partes é de tons escuros e verde cinza no centro uma jovem nua está
submersa até os tornozelos em um lago, e olhando para escuridão das árvores como se algo estivesse vindo a seu encontro. O quadro e a garota desenhada nele passa
a ser parte da vida de Imp, tanto que a própria garota da pintura acaba sendo
encontrada por Imp em determinada parte de sua narração. Imp também relata
sobre O Manual Completo do Suicídio. Ao decorrer do livro Imp deixa de tomar os
remédios e isso traz consequências para a sua vida, mas se isso muda para
melhor ou pior, só lendo para saber.
O livro escrito pela autora americana Caitlín R. Kiernan, A Menina Submersa é vencedor do prêmio BRAM STOKER. Publicado no Brasil em 2014 pela editora Darkside, o livro tem duas versões de formados uma em hardcover
e outra em brochura.
Boa
leitura!
Marcos
Vinicius Migliorini.


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